quinta-feira, 17 de junho de 2010

Projeto H2A Entrevista: IME Reserva

Meus queridos,

continuando a série de entrevista do projeto "H2A Entrevista", hoje temos as respostas do pessoal formado no IME, optante pela carreira da Reserva. Com direito a presença internacional e outras praticamente internacionais.

Vale observar que os formados são da turma 2003, época em que o regime era diferente do atual.

Na época em que nossa turma estava lá, os alunos da reserva eram alunos militares, usando farda, cortando o cabelo, etc.. Só não eram promovidos a 1° Ten no 5° ano e, após a formatura, seguiam suas vidas no mercado de trabalho.

Atualmente, os alunos da reserva cumprem o 1° ano com atividades militares, para ser equivalente ao NPOR. Do 2° ano em diante, os alunos são totalmente civis, livres das obrigações militares. É o melhor modelo? Não sei. Vejam as respostas deles e avaliem se a vida militar foi boa ou ruim para cada um.

Mais uma vez, agradeço do fundo do meu coração aos 3 amigos, colegas de turma, que responderam a entrevista. Meu carinho por esses caras é diferente do carinho pelos meus outros amigos. Os 3 entrevistados de hj + Tosta e Hopfinger (IME Ativa) + outros caras da nossa turma formam na verdade uma segunda família. Os laços de amizade ultrapassam qualquer comparação que eu possa tentar fazer. Só quem vive um regime como o de uma escola militar pra ter idéia do nível de amizade e companheirismo que nós atingimos. Não dá nem pra chamar de amigo, a gente precisa se chamar é de irmão mesmo. Meus sinceros agradecimentos aos 3 que responderam esta entrevista, aos 2 irmãos da entrevista da Ativa e aos outros membros desta família, por fazerem parte da minha vida.

Vamos à entrevista!



Entrevistados: João Ambra, Leonardo Coelho e um IMEano que preferiu não se identificar.

1. Qual a sua turma de formação e sua especialidade?

João - Engenharia de Computação – Turma de 2003

Leonardo - Engenharia de Computação – Turma de 2003

IMEano - Engenharia de Computação – Turma de 2003


2. Onde trabalha atualmente (local e empresa)? Em que função?

João - Modulo Security, Filial New York, Director of technical services.

Leonardo - The Spemsa Group – Diretor Executivo

IMEano - Multinacional de Tecnologia da Informação, Brasília, Arquiteteto de Software


3. Está satisfeito com seu trabalho? Acha que o seu aprendizado durante a formação está sendo realmente empregado na sua vida profissional?

João - Sim estou muito satisfeito, desde criança sempre quis trabalhar computadores e já na adolescência comecei a me interessar particularmente pela área de segurança de informação.
Com certeza tenho aplicado meu aprendizado de formação. E gostaria de dividir esse aprendizado em duas áreas. A primeira que é a aplicação direta do conhecimento adquirido durante a formação, o qual aconteceu várias vezes, e normalmente a única lembrada. Como por exemplo, aplicação de conhecimentos de redes e lógica de programação que utilizarem em projetos de segurança. A segunda, normalmente esquecida, que é a aplicação indireta dos conhecimentos adquiridos. Hoje não tenho que resolver um problema de Física II para semana que vem, mas tenho um problema em um cliente que também tem data para ser resolvido, tem que ser resolvido de maneira correta (nota alta), e alem da pressão dos outros problemas na fila que também precisam de resposta (outras matérias). Além dos aspectos humanos, como trabalho em equipe e outros.

Leonardo - Sim/ Sim

IMEano - Sim, gosto muito do que faço. Acredito que, na verdade, apenas 30% do conhecimento técnico que você aprende na faculdade você utiliza no dia-dia. Porém, a faculdade te ensina principalmente a APRENDER sozinho, isso é o fundamental no mercado de trabalho atual. Outros conceitos que aprendi no IME, tais como “Missão dada, missão cumprida”, “Quem sai junto, chega junto”, entre outros, me tornam um profissional diferenciado no mercado.


4. Em uma escala de 0 a 10, onde 0 é “nada satisfeito” e 10 é “totalmente satisfeito”, como você classificaria a sua situação em relação ao seu salário?

João - 9 –Se meu chefe ler isso não recebo mais aumento.

Leonardo - 7.

IMEano - 6. É bom, mas podia ser melhor.


5. Você viaja muito a trabalho? Acha isso bom ou ruim?

João - Esse ano, após o nascimento do meu filho, comecei a diminuir a quantidade de viagens. Mas já viajei bastante, nacionalmente nos EUA e internacionalmente. Cheguei a acumular mais 300 mil milhas nos últimos 3 anos. Gosto de viajar, conheço lugares novos, novas culturas e diferentes visões para um mesmo problema.

Leonardo - Sim, viajo quase semana sim, semana não. Quando solteiro, gostava mais. Agora confesso que me incomoda um pouco. Outra coisa que me incomodava muito era o fato de não conseguir fazer exercícios físicos, mas acabei conseguindo arrumar alternativas com academias próximas aos locais onde normalmente fico.

IMEano - Sim. Tem seus pontos positivos e negativos. Positivos: muito legal conhecer pessoas de todo o país, culturas diferentes/necessidades diferentes e o fato de não ter uma rotina (fora o lado de acumular milhas). Negativos: ausência de casa, cansaço devido a vida corrida e a dificuldade de realizar atividades que exijam rotina (academia, cursos e etc).


6. Qual é a razão pela qual escolheram a sua escola de formação? Era sua primeira opção?

João - Naquela época, meus pais não tinham condição de pagar por uma faculdade privada. Com isso acabei prestando apenas para USP, UNICAMP, IME e ITA.
ITA era a minha primeira opção. Eu fiz curso em SP e estava muito mais próximo do ITA, mas já durante a adaptação do IME, antes mesmo de sair o resultado no ITA já me perguntava qual escolheria se eu passasse nas duas. Acabei não precisando escolher.

Leonardo – Sempre quis IME ou ITA, não fazia distinção entre as duas opções. Acabei preferindo o IME por não querer sair do Rio de Janeiro.

IMEano - Pensei em fazer ITA ou IME. Acredito que ITA era primeira opção por ser mais famoso no nordeste, todavia IME para mim era uma boa opção por ter família no Rio de Janeiro. Mas sempre gostei de carreira que envolvesse criação (publicidade, arquitetura e afins), porém acabei indo para o IME devido a reputação da faculdade. Hoje trabalho com Computação, mas realizando diversas palestras por todo o Brasil com foco de vendas de software. Durante minhas palestras acabo exercitando meu lado criativo durante o processo de vendas.


7. Você fez cursinho? Quantos anos?

João – Fiz 1 ano de Turma IME/ITA.

Leonardo - Não fiz cursinho, fui direto do colégio para o IME.

IMEano - Na realidade fiz 6 Meses de turma IME/ITA no 3º. Ano em Fortaleza.


8. Você costumava sair no ano do concurso? Como era sua vida social?

João – Não Muito. Na turma IME/ITA era internato. Lembro de nos 15 dias de férias de julho ter ido para Salvador; nas noites de segunda, rolava cinema no shopping e raras noitadas no ano. Tínhamos aula todos os dias e teria que ir virado para o simulado de domingo.

Leonardo - Não, saía muito pouco desde o segundo ano, quando comecei minha preparação para o IME. Confesso que saía uma ou outra vez no mês e olhe lá, estava muito focado na minha formação na época.

IMEano - Acabei diminuindo pois estava focado no concurso, mas continuava saindo com namorada e amigos. Vida social é fundamental em qualquer fase da sua vida, em alguns momentos você vai fazerr em maior ou menor quantidade. Acredito que fundamental é PLANEJAMENTO e DISCIPLINA.


9. O que você não gostou dentro da sua escola de formação?

João – Sou um cara muito positivo e esqueço rápido as coisas ruins da vida, não tenho nenhuma coisa que não tenha gostado que valha compartilhar.

Leonardo - Durante os anos de IME, a pressão da vida militar me desgastou muito. Hoje vejo com muito bons olhos, pois deixou como legado uma capacidade de resistir à pressão e conciliar atividades diversas ao mesmo tempo. Acredito que isto diferencia o aluno do IME. Não gostei também da dificuldade que era estagiar na época, o que dificultava o contato com o mercado de trabalho. No final das contas, acabei começando estágio já no terceiro ano. Ponto positivo para o fato de obter uma grana extra e ter experiência profissional, ponto negativo pois tornou a faculdade ainda mais complicada e o tempo mais escasso ainda.

IMEano - Como entrei no IME em uma época que estava fechado para o mercado, e a pouca interação com o mercado acho que dificultou minha vida. Como não tinha a faculdade para fazer esse meio de campo, tive que ir atrás sozinho.


10. Como é a cobrança de treinamento físico durante o curso de formação? As provas físicas valem para a nota final?

João - A cobrança era bem razoável, mas acho que foi bom. Nunca estive em melhor condicionamento físico. No IME as provas físicas valem para a nota final.

Leonardo - Valem para nota final, mas basta ter uma condição física bem razoável para tirar de letra. Estressa por ser mais uma preocupação, foram inúmeras as noites mal dormidas (menos de 4 horas de sono, às vezes menos de 1h) seguidas de corridas pela Urca. Isto desgasta, mas a meu ver o aluno do IME acaba vendo os grandes desafios do dia-a-dia de trabalho como algo mais tranqüilo que a maioria dos profissionais por conta de tudo que passamos durante a graduação.

Nota do H2A: Como já expliquei lá no início, atualmente os alunos da Reserva não cumprem as atividades a partir do 2° ano. Logo, não existe cobrança física.

11. Muitos alunos ficam reprovados durante o curso? Lá dentro, pode repetir uma matéria ou o ano?

João - No IME não se pode repetir nenhuma matéria, se você for correr risco de repetir, a única opção é trancar todo o semestre e fazer todas as matérias de novo.

Leonardo - Repete-se todo um ano. Não são muitos os alunos reprovados, mas todo semestre um ou outro fica no caminho.


12. Muitos alunos desistem durante o curso?

João - Houve alguns poucos que desistiram do curso. Na minha opinião, muito mais por opção do que por não conseguir passar nas provas.

Leonardo - Sobretudo no primeiro ano. Ao longo do curso são raros os que desistem.


13. Durante a formação no IME, você estudou mais ou menos do que para passar no concurso?

João – Pergunta difícil, mas acho que durante os anos estudei menos no IME do que para passar embora também tenha estudado muito no IME.

Leonardo – Muitíssimo mais, sem comparação. A menos que você seja um gênio, quando chega lá dentro o nível de exigência sobe para muito além do que você está acostumado na época de colégio.

IMEano - O estudo durante o curso é diferente. É um estudo mais focado e direcionado para as provas (não sirvo de exemplo para ninguém, foi apenas uma opção minha durante o curso). Logo estudava muito durante as vésperas de prova, mas muito direcionado para a prova, não a matéria como um todo. Diferente da época do concurso que tinha que ser mais genérico. Duante o IME, aprendi a estudar (essa é a verdade), mas tudo é uma questão de opção sua, tinha gente que estudava tanto ou mais do que na época do concurso.


14. Como é a vida na faculdade, as relações entre seus colegas, os estudos, as responsabilidades?

João – Isso é uma coisa que acho que diferencia de qualquer outra faculdade. As relações com meus amigos do IME são para sempre. Já estou formado há mais de 6 anos, moro nos EUA e mesmo assim não perdi contato com grande parte deles. Eles vêm me visitar aqui, quando vou ao Brasil nos encontramos, são amizades sólidas. Passamos por varias dificuldades juntos, estudos de madrugada, acampamentos militares e outros testes de resistência. A responsabilidade aumenta, pois se vc não passar de ano, não tem jeito.

Leonardo – O dia-a-dia é corrido, muitas atividades, provas, trabalhos, leitura, etc. Mas não é preciso estudar o tempo todo, longe disto. Dá para se divertir, sair com os amigos, levar uma vida normal numa boa. O coleguismo é grande, é um ambiente bom para gerar amizades para toda a vida.

IMEano - Hoje, o que eu sinto mais saudade é dessas relações. No IME criei irmãos para a vida inteira. Pessoas que mesmo distante hoje, são pessoas que fazem parte da sua vida. Não só com alunos, como também com professores (muito dos meus professores são grandes amigos que possuo contato ainda hoje). Essa amizade me ajudou a levar o IME numa boa, sem tanto stress. O fundamental é entender a “regra do jogo”, saber o que você tem que fazer e o que você pode fazer. Responsabilidade você terá toda hora, desde provas e trabalhos, até mesmo as responsabilidades da vida devido à distância da sua casa. Mas são essas responsabilidades que irão te fazer crescer, que vai te amadurecer para o mercado de trabalho/vida. No final o que fica vai ser o capital intelectual que você vai adquirir e as amizades.


15. Como é estar longe de casa e não ter pai nem mãe pra fazer as coisas pra você?

João – Para mim foi tranqüilo, já morava fora de casa durante o cursinho. Mas isso é uma coisa muito pessoal, tive amigos que não gostavam muito dessa situação.

Leonardo – Não foi meu caso, pois sou carioca e sempre estive perto dos meus pais. Os amigos de fora sentiam muito isto e eles se uniam ainda mais na amizade gerada entre os que compartilhavam quarto e a saudade de parentes distantes. É mais um sofrimento, sem dúvida, mas a maioria supera e se orgulha muito disto.

IMEano - Um grande aprendizado e faz com que seus amigos de turmas se tornem sua família. Todo mundo te ajuda a caminhar no dia-dia e são essas pessoas que vão suprir a ausência da família.


16. Rola sempre aquela história de que o ITA é melhor que o IME. Você concorda ou discorda? Por quê?

João – Eu acho que cada um tem diferentes vantagens e desvantagens, cada um tem que saber qual curso será melhor no seu caso. Tenho certeza que o IME foi o melhor para mim. Morei no interior de SP e no Rio de Janeiro e me identifico muito mais com o Rio. Foi uma experiência muito boa a parte militar do IME, a qual é diferente da do ITA. Os estágios que consegui no IME não conseguiria no ITA, e provavelmente não estaria na Modulo se estivesse em SP. Cada um deve julgar qual se identifica mais e escolher.

Leonardo – O ITA é nitidamente melhor no que concerne à colocação no mercado de trabalho. A associação de ex-alunos deles é vigorosa, e existe um histórico de alunos bem sucedidos que ajudam uns aos outros. O contato feito entre ex-alunos de IME é mais informal, mas também existem muitos ex-alunos bem sucedidos e que ficam muito felizes em abrir portas para colegas. No contexto da faculdade, estar ao lado do Pão de Açúcar numa cidade de clima tão agradável quanto o Rio de Janeiro é uma vantagem inestimável. E em termos de estudo, acredito que se igualam.

IMEano - Discordo. Não existe escola melhor ou pior. Não tenho dúvida que o ITA é mais conhecido no resto do Brasil, porém no próprio Rio de Janeiro, acredito que o diploma do IME ajuda tanto (ou mais) do que o do ITA. As pessoas só irão avaliar seu diploma na hora de te contratar, depois é todo mundo igual. O que você aprende na faculdade, depende muito mais de você do que da própria escola (todas possuem professores bons e ruins). Tanto IME como ITA são referências no Brasil e possuem apenas alunos de alto nível, logo exigirão o mesmo do seus alunos em termos intelectuais. Para mim, o IME me ajudou muito quando falo em termos de educação militar. Por mais que eu era reserva (na minha época reserva era militar do mesmo jeito), aprendi muito com o militarismo, entre eles o conceito de “Missão dada, missão cumprida!”.


17. A escolha entre as engenharias sempre gera dúvida. Qual foi o maior motivo de você ter escolhido a sua?

João – Já tinha escolhido Engenharia de Computação desde o colegial, nunca fiquei em duvida. Simplesmente sabia.

Leonardo – Flexibilidade para mudanças de carreira no futuro. Tendência do mercado e identificação. No final das contas, acredito que identificar-se com a engenharia é o que mais deve influenciar, pois fazer algo que você não vai gostar vai acarretar muitos problemas no futuro. Em termos de oportunidades e dinheiro, deve-se relaxar, engenheiros têm uma chance muito grande de serem bem sucedidos financeiramente, sobretudo formados no IME.

IMEano - Entrei no IME pensando fazer Construção pois já estava cursando Arquitetura antes de entrar no IME. Todavia no começo do 3º. Ano optei ir para Computação, pois já tinha afinidade com computadores, pois já programava desde os 13 anos. Logo foi uma decisão muito mais baseada em afinidade do que qualquer outro motivo. A dica que eu dou é: pense no que você vai querer fazer depois de formado, pesquise o dia-dia de um engenheiro na especialidade que te interessa, como anda o mercado de trabalho e etc.


18. Quais são as vantagens e desvantagens de escolher Reserva? Qual é a melhor vantagem de todas? Por que você não escolheu entrar na Ativa?

João – Também acho que isso é muito pessoal, existem pessoas que preferem a Ativa e ter uma segurança maior do que o mercado privado, mesmo que, em alguns casos, os limites sejam menores. Particularmente prefiro o mercado privado, mais arriscado, mas com maiores potenciais de retorno. Já trabalhei em instituições públicas e privadas, e após testar as duas, pude tomar minha decisão, recomendo quem tenha essa dúvida tente estagiar nos dois para decidir.

Leonardo – Uma vantagem clara é receber salário de oficial ainda no último ano da faculdade. Seguir a carreira militar significa estabilidade e garantia de um nível razoável de qualidade de vida. Porém, eu não gostei da rigidez do militarismo e muitas vezes como militar, ainda que sendo engenheiro, você acumula funções administrativas, acaba não exercendo suas funções de engenheiro. Além do mais, em menos de 1 ano de formado é possível ter um nível salarial mais alto que o equivalente ao de oficial do Exército. E fazendo um concurso público, alguns colegas conseguem a mesma estabilidade, salários mais altos e atividades mais alinhadas com sua formação.

IMEano - Desvantagem: a incerteza do futuro é muito maior do que na Ativa. Mas o futuro só depende de você. Outro ponto é que se você optar por trabalhar no mercado privado você terá uma vida mais corrida e agitada, já na ativa ou mesmo fazendo concurso público, provavelmente você terá uma vida mais tranquila, sem tanto stress (apesar que toda regra tem sua exceção).

Vantagem: Seu teto salarial é mais alto, sua capacidade de aplicar o conhecimento que você aprendeu é muito maior (se você optou por seguir a carreira da sua especialidade).
Principal: Acredito que na reserva você fica mais antenado com o que acontece de inovação no mundo, do que na ativa (apesar de toda regra ter sua exceção).

Minha escolha foi muito mais por não conhecer a carreira militar do que por outro motivo. No 4º. Ano cogitei até mudar para Ativa, pois teria que pagar mais 2 anos após o término da faculdade. Como não consegui mudar, acabei ficando na Reserva, que hoje eu não me arrependo. Mas tenho grandes amigos que estão muito bem na Ativa. O fundamental é direcionar sua carreira para fazer o que gosta, e tem como fazer isso tanto na ativa como na Reserva.


19. Depois de formado dá para seguir a área de engenharia ou é mais comum ir para outros empregos?

João – Acho que sim, se realmente essa for a sua vontade você pode continuar trabalhando em engenharia.

Leonardo – É bem mais comum você perceber que a engenharia é apenas a base de sua formação. Ganha-se muito mais dinheiro e cresce-se muito mais profissionalmente alinhando os conhecimentos básicos de engenheiros a outras demandas do mercado, como gestão de negócios, marketing, vendas, finanças, etc. Obviamente, isto não é regra, muitos exercem suas funções de engenheiro de forma pura e são tremendamente bem sucedidos. Mas a maioria acaba migrando para outras áreas.

IMEano - Existem os dois caminhos. Eu segui a engenharia e não me arrependo. Você tem que ir para o lado que mais te dar prazer, mas sempre planeje seu futuro, traçando metas a curtos e médio prazo, para garantir que você vai chegar aonde você quer. Sempre pense: o que eu tenho que fazer para chegar lá?


20. Existe chance de empresas do exterior "buscarem" alunos?

João – Sempre existem chances de empresas buscarem alunos, mas se você pretende morar no exterior não recomendo ficar esperando surgir uma vaga para se candidatar. Existem complicações de visto e culturais que dificultam para empresas do exterior levarem brasileiros. Então se você realmente quer morar fora do Brasil eu recomendo que você comece com algum curso no exterior, se necessário por conta própria, e começar a criar seu network internacional, você terá mais opções do que ser transferido diretamente. Trabalhar em Multinacionais também é uma opção e foi o meu caso, tem menos risco, mas também são poucas oportunidades.

Leonardo - Buscarem não sei dizer, mas com certeza os alunos têm toda a bagagem e preparação para buscarem empresas do exterior. Muitos ex-alunos concluíram a faculdade e em menos de dois anos iniciaram formações no exterior, incluindo renomadas faculdades dos EUA e Europa. E em seguida iniciaram uma carreira no exterior.

IMEano - Sim, mas é fundamental ter uma experiência primeiro aqui no Brasil, antes de se aventurar lá fora. Mas vejo dois caminhos mais simples para quem deseja ir para fora: a primeira seria pelo meio academico, fazer mestrado, MBA ou doutorado lá fora; a segunda seria assim que se formar entrar numa multinacional, que tem muitas vagas lá fora, aí com o tempo é mais fácil você arrumar transferência para lá, do que entrar por fora.


21. Quais atributos você considera mais importante na sua aprovação no concurso?

João – Determinação. Existem momentos que dá vontade de desistir, mas se você realmente acreditar que vale a pena ralar tudo isso, e pode ter certeza que vale, você vai chegar lá.

Leonardo – Diligência no estudo de todas as matérias, pois não adianta nada obter uma excelente nota em matemática e não obter nota mínima em português. E uma preparação básica que durou 2 anos com foco claro, abrangendo todo o conteúdo necessário sem deixar escapar nada.

IMEano – Planejamento, Foco e Disciplina.


22. Se pudesse resumir o seu ano de esforço para passar no concurso em uma frase, que frase seria?

João – Queria poder dizer algo diferente, mas na prática o estudo é cumulativo, quando mais você estudar, mais você estará preparado. E se você ainda não esta vendo resultado do seu esforço, é porque ainda não acumulou o suficiente. Continue estudando, que você verá o resultado. Se você já esta notando o resultado, não diminua o ritmo, pois a corrida ainda não acabou!

Leonardo – Foco e dedicação. Esqueça este ano, ele se pagará ao longo da vida. Foque e seja aprovado logo.

IMEano - Planejar: trace metas a curto e médio prazo para sua aprovação. Se pergunte: O que eu preciso fazer para passar? Quais são meus “gaps” de conhecimento? O que eu tenho que focar? Trace objetivos a curto prazo, planeje suas atividades diárias (não precisa marcar hora para dormir e comer, não vire escravo do tempo, faça esse planejamento de tal forma que seja agradável para você). E tente sempre que possível rever seu planejamento, com certeza ele irá mudar. Não esqueça de planejar atividades lúdicas, elas serão fundamentais para seu cérebro funcionar melhor.

Foco: Sempre lembre do seu objetivo final. Não queira abraçar o mundo, foque naquilo que é preciso para alcançar seu objetivo. O ótimo é inimigo do bom.

Disciplina: Baseado no seu planejamento, cumpra, siga seu plano, tenha CONTROLE do seu estudo.


Mensagem final aos futuros engenheiros.

Pensem que a Engenharia é uma formação básica muito forte e diferencial para toda sua vida. É sua primeira formação, muito se vai aprender com a experiência de trabalho e outros estudos. A engenharia por si só não irá garantir seu sucesso. É preciso dedicação, foco, pró-atividade, bom relacionamento, valorização do conhecimento/ aprendizado e dedicação a criar laços fortes com as pessoas que passam por sua vida. Vocês estão apenas começando e existe um caminho enorme, com muitas possibilidades e também percalços. Perseverem, pois o mais importante vocês já têm: um grande sonho. Não deixem de acreditar que podem realizá-lo, mas não esperem cair do céu. Nada virá por sorte.

7 comentários:

  1. Po Humberto, estou em dúvida entre IME ativa e reserva .. principalmente depois do número de vagas q será esse ano ..

    dúvida cruel
    .-.

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  2. Meus queridos,

    respondendo ao questionamento de alguns alunos sobre Ativa ou Reserva, minha opinião é a seguinte: pensem oq vcs pretendem estar fazendo daqui a 10 ou 15 anos. Eu não gostava da vida militar até entrar no IME. Depois que entrei, vi que gostava e optei pela Ativa. Na minha época, (felizmente) podia mudar. Acho que definir a sua carreira ou a sua vida só pelo dinheiro é pensar muito pequeno. Pensem em realização, satisfação pessoal e afinidade com uma ou outra carreira.

    Prometo mais um post, quando acabar a série de entrevistas, sobre o assunto.

    Beijomeliga.

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  3. Samuca
    Aí depois que eu passar no Ime e sair eu vou falar dificil assim?
    Tive que ler com um dicionário aberto. rs(uma mula!)
    Me amarrei nas entrevistas e me deixou com duvidas sobre o que fazer.
    Valeu prof ;)

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  4. Então Humberto, só falta postar a entrevista com as pessas normais =] gente da ativa que foi 01, outro que passou direto da escola.. só exceção pow hahhahahahaha podia colocar da próxima vez: IME-Reserva/Ativa(regra) xD

    abÇ

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  5. OLÁ,fiquei feliz ao encontrar seu blog, preciso de orientação,meu filho tem 13 anos cursa a 7ª série do ens fundamental e pretende fazer engenharia, então pensei no IME.Como a jornada é ardua ele precisará de ajuda certamente, poderia me indicar cursos preparatórios idôneos no RJ no centro preferencialmente, pois moramos em SG.Seria vantajoso p ele cursar a academia militar das agulhas negras, como forma de se preparar p o IME?Caso possa me ajudar me envia um email(pipocatkd@hotmail.com)Grata.

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  6. eSTOU COM ALGUMAS DUVIDAS SE VC PUDER ME AJUDAR VOU FICAR MUITO GRATO.
    1 QUAL IDADE MINIMA PARA CONSEGUIR ENTRAR NO IME OU NO ITA

    2 EXISTE ALGUM CURSINHO ESPECIFICIO QUE SEJA REALMENTE BOM CUSTO X BENEFICIO, O PH QUE FAZ TANTA PROPAGANDA E UM BOM CURSINHO PARA SE PREPARAR VALE A PENA

    3 E PRA FINALIZAR COMO FUNCIONA A ROTINA DIARIA DE ALGUEM QUE ALMEJA UMA VAGA NO IME, GERALMENTE ESTUDA-SE QUANTAS HORAS POR DIA VC ACHA POSSIVEL QUE UMA PESSOA QUE JA ESTAJA COM UNS 25 ANOS COMO EU CONSIGA ENTRAR NO IME CASO SEJA POSSIVEL DEVIDO A IDADE E OUTRO FATO SEMPRE ESTUDEI EM COLEGIO PUBLICO NO RJ EN TAO JA DA PRA TER UMA NOCAO.

    ESPERO QUE VC POSSA ME AJUDAR RESPONDENDO ESSAS PERGUNTAS POR E-MAIL TBM O MEU ESTA LOGO ABAIXO MUITO OBRIGADO PELA SUA ATENCAO.

    OBS ESTOU DIGITANDO COM MUITOS ERROS POIS ESTOU USANDO UM TECLADO COM PADRAO AMERICANO SOM LINUX RS..

    allan1986@uol.com.br

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  7. Oi allan, poderia me mandar um e-mail?

    Segue abaixo:

    flaahapiida@gmail.com

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